Crescer por meio do esporte - CEF 02 do Paranoá

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Fonte: Jornal Comunidade

Escola pública do Paranoá utiliza a ainda pouco conhecida luta olímpica como ferramenta de disciplina e assiduidade dos jovens. Os resultados animam professores, estudantes e pais, pois o tempo de permanência no colégio aumentou



 Para o amplo desenvolvimento de um cidadão, a educação deve ser valorizada e priorizada. O aprendizado tem que ser estimulado para que haja um incentivo à aptidão e à qualidade de vida por meio de ações socioeducativas, tais como o acesso à cultura e ao conhecimento. Com a preocupação da inclusão social, o Centro de Ensino Fundamental 02 (CEF 02), do Paranoá, é uma das escolas do Distrito Federal que oferece atividades integrais para os alunos. Tendo a defesa pessoal como carro-chefe, os professores elogiam os resultados do projeto.

Uma das atividades que ganhou muito espaço e a preferência dos estudantes foi a luta olímpica. A escola adotou o esporte para a educação integral no início do ano passado, e desde então a atividade se tornou  bastante procurada. O coordenador da educação integral, Jeovanny Machado dos Anjos, diz que a Secretaria de Educação do DF (SEDF) recomenda a prática de esportes para incrementar o programa e capacitar os alunos. “Essa atividade (luta), assim como as demais defesas trabalhadas nas atividades de educação integral, são recomendadas pela SEDF e vistas como de grande valia na formação multidimensional dos estudantes, pois auxiliam não somente na formação física como também na formação biopsicossocial do estudante”, afirma.

O projeto aborda elementos como a valorização dos saberes, a gestão democrática, a participação e a extensão em territórios educativos. A intenção é conferir maior vivência entre alunos, educadores, familiares e comunidade, em uma operação de cidadania. Com este pensamento o coordenador do projeto no CEF 02, Pedro Moura, acredita que “a luta está sendo um sucesso e, que o esporte tem sido uma motivação para os alunos participarem das atividades promovidas pela escola”. 




O CEF 02 foi a única escola do Distrito Federal a participar da competição nacional da modalidade no ano passado. De acordo com Moura, a luta olímpica tem dado oportunidades para os atletas participarem de competições e de viagens pelo país. “Eles estão tendo uma oportunidade de praticar um esporte muito bom, que eu como professor de educação física não tive e nem conhecia direito”, declara. Pedro acredita na capacidade dos alunos e diz que eles têm muitas chances, inclusive, de vencerem as competições deste ano. “Os alunos foram para a competição nacional ano passado quase sem nenhuma condição de treinamento e ganharam medalhas. Imagine agora! A ideia é pegar medalhas de ouro”, revela.

A estudante Kelle Lojó Soares, 14 anos, entrou no projeto ano passado porque considerava a hipótese de crescer no esporte. A aluna foi uma das competidoras nacionais e trouxe medalha de bronze para a escola. Ela conta que a modalidade a ajudou a mudar o jeito de pensar. Antes ela não dava muita importância aos estudos, agora aposta que o esporte poderá abrir portas e irá contribuir no desenvolvimento profissional. “A luta mudou minha mente. Agora dou valor aos estudos e acredito que, com os benefícios vindos do esporte, posso conseguir uma boa faculdade e uma ótima profissão”, confia.

Aulas não se restringem à prática esportiva



Com o apoio da Federação de Luta Livre, Luta Olímpica e Submission do Distrito Federal (Fellos-DF), o CEF 02 trabalha para incentivar os alunos e aplicar o projeto com qualidade. O vice-presidente da modalidade da Fellos-DF, Rodrigo Virmond, relata que a intenção da associação é desenvolver o esporte e torná-lo mais conhecido. Com esses projetos escolares a modalidade tem se fortalecido e, assim ajuda a manter o aluno na instituição. “O foco hoje é fomentar a permanência do aluno no ambiente escolar”, revela. A luta olímpica está sendo cada vez mais aceita e o principal objetivo é trabalhar os atletas desde pequenos e formá-los bem, além de trazer diversos benefícios para quem o pratica. Por ser um esporte que ajuda na movimentação do corpo, a luta olímpica evita mal-estar e indisposição. “O esporte traz consciência corporal e previne doenças e lesões”, diz Virmond.

Considerado como um projeto-modelo, a finalidade da luta olímpíca é se tornar uma alternativa oferecida na educação integral de várias escolas. O CEF 02 é a única escola do Brasil a ter um tapete olímpico e isso facilita muito na implementação do programa. Rodrigo afirma que o projeto tem a ajuda dos ministérios do Esporte e da Educação, Secretaria de Esportes do DF, de Educação e da Justiça. “Vários segmentos políticos e sociais participam na construção e realização desse projeto. Aliás, sem eles seria impossível tocar esse barco”, agradece.

Para este ano os alunos já têm duas viagens marcadas para Goiânia. Também acontecerá um amistoso antes da competição nacional. E, no final do ano, dia 1° de dezembro no Nilson Nelson, acontecerá a última etapa da seletiva dos Jogos da Juventude, que acontecerão na China. A seletiva ocorrerá em Brasília. “Todos que estão no projeto irão participar. Virão outros grupos escolares de todo Brasil para participar também e isso nos motiva nos treinos”, finaliza Rodrigo.

 Ação íntegra

Construir uma educação que ajude na formação do ser humano necessita de múltiplas necessidades. Adotar estratégias educativas é a melhor opção de qualidade para a promoção do ensino e sucesso escolar. E uma dessas estratégias é, sem dúvida, a educação integral. Projetos socioeducativos ajudam a promover o desenvolvimento de estudantes que não têm renda para obterem um estudo qualificado, e oportunidades como essas alavancam o sucesso para um país melhor.

O professor Jeovanny acredita que o ensejo desses alunos em programas qualificados traz maiores possibilidades de êxito no futuro e que, com a maior vivência na escola, o estudante amplia os espaços. “A educação integral dá a oportunidade de ajudar a formar estudantes com maiores possibilidades de sucesso nas diversas vivências que lhe serão apresentadas em seu futuro, pois como a perspectiva dessa metodologia, foca-se na possibilidade de ampliar tempos, espaços, e, principalmente, oportunidades educacionais”, resume. Ele ainda destaca que o estudante vive num processo social para o crescimento e desenvolvimento, devido ao fato de experimentar a realidade. “Não é a preparação para a vida. É a própria vida que acontece ali”, filosofa.

Além da luta olímpica, cada unidade escolar tem a liberdade de indicar quais são as atividades que melhor se adequam à realidade de sua escola, atendendo as necessidades e os interesses da comunidade escolar. Com essa prerrogativa, as escolas organizam-se em atividades desportivas, recreativas e culturais. As mais frequentes são aulas de violão, reforço de matemática e português, xadrez, futebol, capoeira, informática, dentre outras. O aluno que participa da educação integral fica na escola oito horas diárias, e recebe a alimentação adequada durante o período que permanece no estabelecimento escolar.

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