ESCOLA
INTEGRAL
Por
definição, a palavra integral significa inteiro, completo, total, o que é
identificado nas diversas definições de escola e de educação propostas por
Anísio Teixeira e retomadas mais recentemente nas discussões acerca da
necessidade de ampliação do tempo de permanência do estudante na escola.
O
Distrito Federal visando materializar a almejada Educação Integral, como
produto de estudos pedagógicos, sociológicos e filosóficos, propõe um novo
formato educacional que provoque mudanças na sociedade e na escola enquanto
produto desta.
Não
esquecendo que vista como processo pedagógico, a educação integral prevê
práticas não dicotomizadas que reconhecem a importância dos saberes formais e
não formais, a construção de relações democráticas entre pessoas e grupos,
imprescindíveis à formação humana, valorizam os saberes prévios, as múltiplas
diferenças e semelhanças e fazem de todos nós sujeitos históricos e sociais.
Nesta perspectiva de trabalho, surge a necessidade de que
haja a ampliação do tempo de permanência do estudante na escola, sendo este
tempo maior destinado a ampliação das oportunidades educacionais e
concomitantemente devendo isto acontecer mediante ampliação dos espaços educativos.
Frente a essa perspectiva, tomamos aqui o direito de lançar
mão de uma expressão que vem sendo usada para referir-se a instituição
educacional que associe a oferta de Educação integral ao tempo integral de
permanência do estudante na escola. Chamaremos esta de “Escola Integral”.
Esta
Escola Integral pressupõe uma escola viva, que esteja concatenada a realidade
em que está inserida, objetivando que esta escola não atue apenas intramuros,
mas que viva em completa simbiose com a comunidade que a permeia, ampliando a
função da escola para além das questões pedagógicas, mas imprimindo-lhe uma
dimensão biopsicossocial balizada na ampliação do tempo de permanência do
estudante neste espaço.
O
Projeto Piloto de Educação Integral em Tempo Integral – PROEITI - que hora apresentamos
pretende oferecer uma educação por inteiro em um turno integral rimando
quantidade e qualidade educacionais para que nossos estudantes tenham
oportunidades de desenvolvimento dos requisitos necessários para uma vida plena
com participação ativa e saudável na sociedade. O atendimento será realizado
todos os dias da semana, num turno único com duração de 10h diárias.
Esta
proposta vale como referência para as escolas se inspirarem na elaboração de
suas próprias ações, em conformidade com o Projeto Político Pedagógico
Professor Carlos Motta e de acordo com seu Projeto Político Pedagógico que deve
ser construído com a comunidade escolar e local.
Ao delinearmos as responsabilidades
específicas de cada ator do processo educacional em uma Escola Integral, vemos
que elas se complementam e por isso devem estar em total sintonia como partes
de uma engrenagem onde cada um assuma sua função ciente de que assim como sua
atuação depende das ações dos demais, é a atuação dos demais que permite que se
possa atuar.
·
Estudante - A
definição do estudante identificado e pensado como demandante de uma Escola Integral,
é um sujeito plural, único e coletivo, individualizado e multiplicado pelas
redes sociais. Portanto, um sujeito pleno de seus direitos, um estudante
cidadão que tem condições de ditar seu destino de modo horizontal em todas as
suas dimensões.
·
Equipe Gestora - É a responsável pelo gerenciamento
dos recursos financeiros, pela articulação das ações administrativas, pela
manutenção de um ambiente escolar harmônico e pela articulação do trabalho
pedagógico a ser desenvolvido pela equipe que atua, nos diversos momentos
pedagógicos da escola.
·
Professores - Tem a responsabilidade de
capitanear os trabalhos referentes não somente a Base Nacional do Currículo, como
também as atividades complementares Este trabalho passa a acontecer sob a
supervisão e execução deste profissional, sendo que estas atividades devem
existir em absoluta sintonia.
·
Coordenador Pedagógico - Cabe
a este profissional garantir a articulação entre professores, equipe gestora e
comunidade escolar. Responsável pela
articulação do espaço/tempo de coordenação pedagógica. Para que a coordenação
seja um espaço vivo, o coordenador pedagógico escolhido deve articular a
reflexão do pensar e do fazer pedagógico. Para tanto, precisa assumir o
protagonismo no apoio ao trabalho pedagógico, à formação continuada, ao
planejamento e ao desenvolvimento do PPP, sempre visando a aprendizagem de
todos os estudantes.
·
Coordenador de Educação integral - Responsabiliza-se pela articulação do trabalho
entre professores de turnos diferentes de modo que seus trabalhos
complementem-se. É o profissional que operacionaliza a integração entre os
diversos saberes nos diversos espaços.
·
Comunidade Escolar - A relação entre escola e comunidade
pode ser marcada pelo diálogo, a troca de experiências, a construção de saberes
e também pela possibilidade de juntas, constituírem-se em uma comunidade de
aprendizagem, de modo que a interação entre escola e comunidade auxilie na
superação de desafios que se apresentarão.
·
Outros profissionais de apoio - Nesta proposta, os Monitores
Voluntários assumem o papel de auxiliar no trabalho pedagógico desenvolvido
pelo professor, assim como o Bolsista
Universitário que surge como auxiliar ao trabalho do professor.
A participação articulada, reflexiva,
criativa e comprometida entre os atores escolares e a mobilização dos
potenciais educativos da comunidade local são fatores de extrema importância
para o sucesso da Escola Integral. Esta participação deve estar presente nos
diversos níveis de planejamento.
Para que as escolas possam propiciar o
atendimento em tempo integral, é necessário que haja uma estrutura física e
pedagógica mínima a fim de imprimir qualidade ao atendimento, sendo importante lembrar que as instituições necessitam organizar espaços para repouso, para livre expressão e para lazer.
Importante frisar que o atendimento
dar-se-á em tempo contínuo, sem que
haja fragmentação dos turnos letivos, incluindo-se neste período o tempo
destinado a alimentação, higienização, passeios e demais atividades
pedagógicas, sendo sugerido às escolas atenderem ao período de 07h30 às 17h30,
perfazendo um total de 10h. Em verdade, a jornada de tempo integral pressupõe
um turno único, mesmo que haja um momento focado nas atividades da Base
Nacional Comum ou nas atividades complementares, assim como se tiver mais de um
professor conduzindo as atividades durante a manhã e/ou tarde. Esta
indissociabilidade entre os tempos educativos deve materializar-se no
planejamento e na execução do processo pedagógico.
Durante o dia letivo o estudante
receberá 04 à 05 refeições diárias
(de acordo com parecer da Coordenação de Alimentação Escolar CORAE/SIAE), sendo
o cardápio apropriado para as especificidades próprias da faixa etária. O
período destinado às refeições na Escola de Educação Integral em Tempo Integral
precisa ser planejado e significado pedagogicamente, devendo ser pensado como
um momento para a formação de hábitos alimentares saudáveis, de higiene, boas
maneiras, valores e, acima de tudo, socialização e interação dos estudantes com
todos os envolvidos na unidade escolar.
Os
períodos destinados às atividades diárias realizadas sob responsabilidade do
professor podem e devem ocorrer dentro de sala de aula e/ou em outros espaços:
brinquedoteca, biblioteca, pátio, parque, laboratório de informática, ambientes
externos, etc.
Serão disponibilizados transportes para locomoção dos
estudantes para realização de atividades externas. Tais saídas deverão ser
sistematizadas para melhor organização, mediante articulação junto aos
parceiros, devendo nestas saídas, o estudante estar acompanhado por seu
professor, que é o responsável pelo aluno neste período.
A fim de garantir a legitimidade
destas saídas sistemáticas, é necessário que durante as primeiras semanas
letivas, todos os pais assinem termo de autorização
para as atividades externas, a fim de cientificar e documentar esta prática
pedagógica.
Para composição das
turmas de tempo integral, visando viabilizar a execução das atividades
diversificadas, estas poderão ser grupados de acordo com seu nível de
aproveitamento para a atividade proposta e/ou por faixa etária, devendo, no
entanto obedecer a capacidade e as especificidades da escola, da atividades e
principalmente do grupo de alunos.
Para
melhor atendimento de cada estudante e de cada turma, há a necessidade da
ressignificação dos Coordenadores de
Educação Integral, especialmente necessários também nos momentos de entrada
e saída, refeições e repouso e principalmente, visando garantir que haja
diálogo entre as ações curriculares e complementares. Para tanto haverá nas
escolas com mais de 06 turmas, a
presença do segundo coordenador de
educação integral, sendo que estes profissionais atuarão como articuladores
das diversas atividades que acontecerão ao longo do dia letivo, dando suporte
ao trabalho desenvolvido pelo coordenador pedagógico.
Um
profissional que surge para colaborar com o trabalho desenvolvido na Educação
Infantil e nos Anos Finais do Ensino Fundamental nas Escolas Integrais, é o professor de Artes. Para cada conjunto
de 10 turmas, deverá ser disponibilizado um professor de Artes que atenderá em 3
horas aula cada turma totalizando 150min (duas horas e meia), sendo a organização
deste período definida pela escola. O atendimento será voltado às expressões
corporais, a música e a prática lúdico-artística, sendo estas dimensões
indispensáveis à formação integral do estudante.
No
período em que o estudante estiver sob a responsabilidade do profissional de Artes,
o professor regente deverá realizar coordenação
com o seu par de regência de classe (responsável pelo outro turno). Este período de encontro semanal pode
constituir-se como espaço de troca de informações e experiências pedagógicas
vivenciadas, a fim de evitar as rupturas cronológicas, didáticas ou outras de
qualquer ordem no trabalho.
Todos
os sujeitos envolvidos no processo são responsáveis
pelos estudantes em todos os momentos do dia. Entretanto, em horários de
refeição, por exemplo, é preciso o envolvimento de outros profissionais. Nesse
momento, o acompanhamento dos estudantes torna-se responsabilidade de todos
(cada um com sua responsabilidade), sejam estes professores, funcionários da
cozinha, auxiliares de educação, coordenadores pedagógicos, gestores. Cada
escola deverá fazer sua escala de atendimento em cada um dos espaços apontados,
de forma que todos tenham, diariamente, acesso a maior quantidade possível de
oportunidades educacionais em diversos espaços/ambientes.
Vale salientar que a rotina escolar será definida pela comunidade escolar e deverá constar no Projeto
Político Pedagógico observando que as atividades complementares deverão ser
planejadas de acordo com as peculiaridades locais e/ou regionais. Que não seja
uma camisa de força e que seja adequada às necessidades do estudante e não o
inverso. A estabilidade que a rotina oferece não pode significar a repetição, o
automatismo, o fazer sempre igual. Neste
sentido, a rotina escolar não pode conter rupturas em seu processo de
desenvolvimento.
O ano letivo, independente do ano civil, tem duração de no mínimo 200
(duzentos) dias letivos de efetivo trabalho escolar oferecido a todos os
estudantes, em conformidade às orientações que são emanadas pelo Conselho de
Educação do Distrito Federal, não devendo a escola deixar de oferecer
atendimento em tempo integral durante este período.
Sabedores de que o dia letivo é aquele caracterizado pelo
controle de frequência discente em instrumento próprio, presença de
profissionais habilitados e intencionalidade pedagógica de planejamento e
práticas, é necessário atentar-se a este trio de características que devem
coexistir em todos os dias para que não haja déficit de dias no ano letivo.
Para fins de frequência, são consideradas atividades escolares realizadas na
sala de aula, bem como as que ocorrem em outros locais adequados a trabalhos
teóricos e práticos, e que tem como objeto à plenitude na formação de cada
estudante.
O
registro do trabalho pedagógico que
é desenvolvido é obrigatório, seja das atividades previstas na Base Nacional do
Comum do currículo ou naquelas desenvolvidas nos diversos projetos interdisciplinares
da parte diversificada do currículo, devendo este registro ser feito em diário
de classe específico.
Outrossim,
lembramos que de acordo com a Portaria 134 de 14/09/2012 do Programa
de Descentralização Administrativa e Financeira – PDAF, às escolas que
atendem todos os seus alunos em jornada de tempo integral (Escolas Inseridas no
Projeto Piloto de Educação Integral) foi acrescido ao recurso percebido o valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais)
para adaptações, aquisições de materiais, manutenções etc.
No
sentido de garantir a melhor adaptação da unidade escolar, dos profissionais
envolvidos no processo, da comunidade escolar (responsáveis pelos estudantes) e
principalmente do estudante que será atendido nestas escolas, sugerimos um período
de adequação, onde possamos gradativamente ampliar o tempo de permanência do
estudante na escola. A saber:
·
De
14 e 15 de fevereiro, o estudante permanecerá 05 horas na escola (1ª semana);
·
De
18 à 22 de fevereiro, o estudante permanecerá 06 horas na escola (2ª semana);
·
De
25/02 à 01 de março, o estudante permanece 08 horas na escola (3ª semana);
·
A
partir do dia 04 de março, o estudante permanece o período de 10 horas diárias
na escola.
Na primeira semana (primeiros dois
dias letivos) o estudante será informado da nova rotina da escola, devendo
familiarizar-se com os novos professores, que por sua vez, deverão se revesar
no atendimento do estudante, deverão planejar suas atividades pedagógicas.
Na segunda semana, o estudante deve
permanecer na escola até o período do almoço, para familiarizar-se com este
período, que se trata de uma experiência que passa a possuir caráter pedagógico
além de fisiológico. Ao corpo docente, caberá traçar as linhas de articulação
entre as atividades referentes a Base Nacional Comum e a Parte Diversificada do
Currículo. A coordenação adquire caráter formativo.
Na terceira semana, teremos o momento
de maior importância no processo de adaptação, pois o período de oito horas
configura o maior tempo de permanência do aluno vivenciado na escola, portanto,
neste período ele já deve ter acesso a maior parte de experiências possíveis,
pois além da adaptação física e fisiológica, é o período mais intenso de
preparação emocional, proposto pela nova proposta.
Enfim, na quarta semana, após 12 dias
letivos de adaptação, daremos início as atividades planejadas para o tempo
contínuo de 10 horas diárias.
OPERACIONALIZAÇÃO DO
PERÍODO DE TEMPO INTEGRAL
Na Educação Infantil
De acordo com a estratégia de
Matrícula da SEEDF para 2013, as turmas de jornada de tempo integral para as
turmas de Educação infantil serão compostas da seguinte forma:
·
1º
período – crianças de 04 anos completos ou a completar até 31/03/2013 terão de
16 a 24 crianças;
·
2º
período – crianças de 05 anos completos ou a completar até 31/03/2013 terão de
16 a 24 crianças;
Alguns aspectos de infraestrutura mínima para
estas instituições estão explicitados nos Parâmetros Básicos de Infraestrutura
para Instituições de Educação Infantil do MEC (2008). “Assim, cada escola
deverá dispor de vasos sanitários, lavatórios e chuveiros, lavanderia, sendo
necessário ainda amplo espaço interno, salas
com ventilação e iluminação adequadas, espaços outros que não sejam apenas
àqueles das chamadas ‘salas de aula’”.
É importante lembrar que as instituições necessitam disponibilizar também
espaço para sono e repouso, refeições, movimento e circulação, brincadeiras
livres e dirigidas, lazer, contato com o meio natural.
Rotina
A
organização do trabalho pedagógico deve considerar as relações e os vínculos
que a criança precisa estabelecer tanto com seus pares quanto com os adultos
que a estão acompanhando. Para construção e o fortalecimento de interações e do
vínculo, é imprescindível a convivência diária contínua e esta depende de uma
rotina dinâmica, motivadora e inovadora.
A organização do trabalho pedagógico
na Educação Infantil precisa ter como núcleo a organização do tempo, dos
ambientes e dos materiais, sendo que estes, integrados, possibilitam uma rotina
condizente com os interesses e as necessidades infantis. A rotina deve ter como
meta as aprendizagens e, por consequência, o desenvolvimento integral das
crianças.
A
seguir, propomos um exemplo de como as atividades diárias podem ser distribuídas
em uma rotina, sendo:
·
De
07h30 às 08h: acolhida as crianças e servimento da 1ª refeição;
·
De
08h às 09h45: atividades pedagógicas planejadas, tendo como núcleo a sala de
aula e/ou outros espaços como a brinquedoteca, biblioteca, pátio, parque, etc;
·
De
09h45 às 10h15: servimento da 2ª refeição;
·
De
10h15 às 12h: continuidade das atividades pedagógicas;
·
De
12h às 14h30: período destinado à 3ª refeição, higienização bucal,
descanso/sono.
·
De
14h30 às 15h: servimento da 4ª refeição;
·
De
15h30 às 16h45: atividades pedagógicas planejadas, tendo como núcleo a sala de
aula e/ou outros espaços como brinquedoteca, biblioteca, pátio, parque, etc;
·
De
16h45 às 17h30: servimento da 5ª refeição e higiene bucal.
Esse
exemplo de rotina é um dos muitos possíveis, observadas as condições de cada
escola.
Nota-se
que o período destinado ao banho
não aparece porque depende das condições e localização dos banheiros,
quantidade de chuveiros etc. Por isto, cada escola precisa pensar sobre esta
prática.
É
importante que, na perspectiva da educação integral e do respeito à infância,
as crianças não fiquem durante todo o dia nas salas de aula, sentadas e
realizando atividades repetitivas e
sustentadas apenas em impressos.
Para
que cada escola possa organizar-se nessa nova perspectiva, lembramos que cada
turma será regida por 02 professores
com 40h semanais de atividades. Nesse sentido, trabalharão com a mesma turma
(05 horas de responsabilidade para cada um), sendo responsáveis pelo planejamento, registro diário,
condução das atividades, avaliação das aprendizagens e desenvolvimento das
crianças.
Para
melhor atendimento de cada criança e de cada turma, há a necessidade do profissional
de apoio, especialmente necessário nos momentos de entrada e saída, refeições,
sono e repouso, banho e higiene bucal.
A
cada conjunto de 03 turmas, haverá um profissional de apoio, que acompanhara
as turmas durante todo o período em função do princípio da indissociabilidade
do educar e cuidar, por exemplo: despir, dar banho, vestir, pentear as crianças
exige planejamento, tempo, paciência e organização para que ninguém fique
esperando por muito tempo e para que o banho seja um momento de prazer e de
respeito ao corpo.
Assim
como o horário do sono é outro
momento a ser pensado. Isto porque nem todas as crianças têm o hábito de dormir
durante o dia. É preciso, então, conjugar a supervisão do sono de algumas com o
repouso de outras. Além destas situações, ainda é possível que algumas não
consigam nem dormir nem repousar, pois isto depende de hábitos que vêm de casa.
Aos profissionais, caberá providenciar atividades adequadas às experiências
individuais.
Sendo
professor, este profissional de apoio participaria das atividades desde o
planejamento, aplicação e avaliação do processo de ensino aprendizagem. Sendo
da carreira assistência, centraria suas ações nos momentos de entrada e saída,
refeições, sono e repouso, banho e higiene bucal. Estamos cientes de que a
segunda opção – profissional da carreira assistência – não é o ideal porque acaba
separando o educar e o cuidar. Também a opção pelo professor precisa ser muito
bem avaliada porque cria uma situação nova: a bidocência em turmas de crianças
pequenas.
A
jornada de tempo integral de 10 horas nos obriga a pensar na viabilidade e
qualidade do atendimento às crianças em uma nova perspectiva. Jornadas de tempo
menores permitem que a participação da família nas práticas sociais seja diferente.
Na jornada de dez horas, essas práticas sociais (banho, refeições, higiene
bucal, sono/repouso, uso de sanitários) ficam centradas na escola.
No
Ensino Fundamental
Remetendo-nos
à LDB 9394/96, em seu artigo 26, constatamos que os currículos do ensino
fundamental devem ter uma base nacional comum, a ser complementada em cada
sistema de ensino e estabelecimento escolar por uma parte diversificada,
exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da
economia e da comunidade.
A fim
de viabilizar as aprendizagens, garantindo sucesso ao processo pedagógico, em
conformidade com a LDB, faz-se necessário assegurar um tempo/espaço de
convivência escolar com a comunidade local, desenrolando-se nas relações
sociais e com as dimensões do território
onde se localiza de forma a propiciar oportunidades de aprendizagens que
envolvam os saberes produzidos pelos educandos e pelas comunidades a que
pertencem.
Podemos
ainda observar na base nacional comum, uma preocupação com o ensino da arte, da
educação física, da música e das línguas estrangeiras modernas, mostrando uma
visão de educação mais generalista e com a intencionalidade de propiciar o
desenvolvimento pleno do educando.
Conforme
Projeto Político Pedagógico da escola, as Instituições Educacionais devem
compor o seu currículo, buscando integrar as ações educativas da base nacional
comum, com as atividades diversificadas
do currículo, ofertando um currículo com organização do trabalho pedagógico
diversificado, de fomento à cultura, às artes e ao desporto.
As
atividades e estratégias propostas para o período de tempo ampliado visam o
alcance de uma educação verdadeiramente integral, sendo estas classificadas
como parte diversificada do currículo, sem esquecermos que a base nacional
comum e a parte diversificada do currículo do Ensino Fundamental constituem um todo integrado e não podem ser
consideradas como dois blocos distintos.
Neste
caso, abrem-se uma variedade de opções a serem escolhidas junto com a
comunidade e em consonância com a realidade local. Podemos citar, como exemplo,
a necessidade de ampliar os tempos de discussão de educação ambiental, esporte
e lazer, direitos humanos, cultura e artes, cultura digital, promoção da saúde,
música, comunicação e uso de mídias, investigação no campo das ciências da
natureza, educação econômica e tecnologia da alfabetização.
Existe,
entretanto, um campo do conhecimento considerado de caráter obrigatório pela SEDF, ou seja, que não
pode faltar em nenhuma instituição de ensino no que tange a perspectiva de
implantar uma educação integral no DF - o acompanhamento
pedagógico. Com pelo menos duas atividades: Matemática e Língua Portuguesa, sendo este campo destacado como um
saber integrado à vida cotidiana e a parte diversificada do currículo.
Há uma
preocupação muito grande no aspecto concernente a oferta deste acompanhamento
pedagógico, pois existe a possibilidade deste ser confundido com reforço
escolar.
O
acompanhamento pedagógico refere-se à oportunidade de trabalhar as múltiplas
oportunidades de aprendizado em matemática, português ou nos diversos
letramentos, propiciando ao professor a oportunidade de utilizar novas estratégias
de atendimento, e aos alunos mais oportunidades de aprendizagem,
ressignificando a prática pedagógica.
As
atividades complementares previstas para o período suplementar ou entremeando o
período destinado a base nacional comum do currículo, devem constituir-se de
atividades que ocorrerão em simbiose as atividades propostas pelo professor
responsável pela base comum do currículo, sem jamais mostrar-se independente
desta.
Esta
proposta visa oferecer ao aluno uma amplitude maior de oportunidades
educacionais, seja nas artes, cultura, esportes ou na vivência de experiências
científicas ou não.
Nos Anos Iniciais
De acordo com a estratégia de
Matrícula da SEEDF para 2013, as turmas serão compostas da seguinte forma:
·
1º
Ano – terão 25 alunos;
·
2º
Ano – terão 25 alunos;
·
3º
Ano – terão 29 alunos;
·
4º
Ano – terão 32 alunos;
·
5º
Ano – terão 32 alunos;
Conforme
preconiza as diretrizes para os Anos Iniciais do Ensino fundamental, que nos
afirma que: “Os diversos letramentos devem ser apresentados de maneira
dialógica entre os mesmos, evitando ações rígidas e compartimentadas como se
encontram os atuais ensinos dos componentes curriculares. Nesse sentido, as
práticas pedagógicas e avaliativas devem ser elaboradas com o olhar nas
especificidades de cada área de conhecimento, mas com objetivo de possibilitar
conhecimentos em sua totalidade de forma interdisciplinar, transdisciplinar e
multidisciplinar.” (DIRETRIZES PEDAGÓGICAS PARA OS ANOS INICIAIS, 2009, p. 35.)
Para que
cada escola possa organizar-se nessa nova perspectiva, lembramos que cada
turma, terá dois professores de atividades generalistas com 40h semanais de
dedicação, responsável por ministrar a base nacional comum e a parte
complementar do currículo de modo articulado a partir de um planejamento
contínuo e sistemático.
A Rotina
Incentivando
a dinamicidade desta rotina, propomos uma sequência diária de ações que
incluam:
·
De
07h30 às 12h30 – período destinado às atividades diárias realizadas sob
responsabilidade do 1º docente, tendo como núcleo a sala de aula e/ou espaços
complementares como bibliotecas, laboratórios de informática, etc.
o
Neste
período, o aluno deverá ter acesso a 1ª refeição no início das atividades, a 2ª
refeição no período mediano do turno.
o
Neste
primeiro bloco, será disponibilizado um período de 15 minutos de intervalo
conforme preconiza as Diretrizes Pedagógicas da SEEDF 2009/2013 pp.47.
·
De
12h30 as 13h30 - período destinado ao almoço e higienização do estudante. Sendo
este o período de troca de professores, de modo que faz-se necessário o
envolvimento dos coordenadores pedagógicos, coordenadores de educação integral
e demais servidores da escola neste período a fim de evitar problemas de
descontinuidade no processo.
·
De
13h30 as 17h30 - período destinado às atividades diárias realizadas sob
responsabilidade do 2º docente, tendo como núcleo a sala de aula e/ou espaços
complementares como bibliotecas, laboratórios de informática, etc.
o
No final deste período, o aluno terá acesso a
4ª refeição.
o
Neste
bloco, também será disponibilizado um período de 15 minutos de intervalo,
conforme preconiza as Diretrizes Pedagógicas da SEEDF 2009/2013 pp.47.
Quando
houverem atividades externas, seja no turno matutino ou vespertino, o professor
responsável pela turma no horário, deverá acompanha-la, a fim de garantir que
haja integração curricular entre as atividades propostas pelos profissionais
destes espaços e as atividades planejadas pelos professores regentes da turma.
Nos Anos Finais
Um
desafio que se apresenta como grande obstáculo a ser ultrapassado nesta etapa
de ensino refere-se a superar a fragmentação curricular, estabelecendo a
continuidade das ações educativas, a partir de estratégias de integração entre
o currículo formal e o informal.
Outro
espaço onde verificamos a fragmentação curricular é observado no trato de
algumas disciplinas com os conhecimentos informais, pois apesar de observarmos
na composição da Matriz curricular para os anos finais do ensino fundamental,
uma preocupação com o ensino das artes, esporte e cultura, estas se mostram
ainda de forma isolada e consequentemente fragmentada.
De acordo com a estratégia de
Matrícula da SEEDF para 2013, as turmas de Anos Finais do Ensino Fundamental/ 9
anos serão compostas da seguinte forma:
·
6º
ano – terão entre 26 e 31 estudantes se
for urbana e entre 21 e 30 se for rural ;
·
7º
ano – terão entre 28 e 34 estudantes se
for urbana e entre 26 e 34 se for rural ;
·
8º
ano – terão entre 28 e 35 estudantes se
for urbana e entre 26 e 35 se for rural ;
·
9º
ano – terão entre 30 e 35 estudantes se
for urbana e entre 26 e 35 se for rural ;
A garantia de construção de um
currículo integral, não se constitui apenas da possibilidade de entremear
atividades do núcleo comum com as atividades complementares, mas materializa-se
principalmente no diálogo que estes momentos devem construir, independente do
tempo em que ocorram.
Dependendo
da estrutura física da escola, é possível pensarmos em algumas propostas de
rotina diária de funcionamento; a ideia é propiciar um melhor aproveitamento
das potencialidades físicas e pedagógicas da escola, de seus docentes e
discentes.
Rotina
Ao
lembrarmos que há um aumento substancial no tempo de permanência do aluno na
escola, é possível organizarmos a rotina diária propondo que o dia letivo seja
composto por 10 aulas diárias, com a duração de 50 minutos, incluindo neste
período as aulas da Base nacional Comum e as aulas de disciplinas da Parte
Diversificada do currículo e o período destinado ao almoço, e descanso. Neste
caso, é recomendável que seja privilegiado o momento de aulas duplas,
aumentando o tempo de contato entre aluno e professor, estreitando os laços
entre estes.
Vale
lembrar que os momentos das refeições, integram o período das aulas. Nesta
perspectiva, teremos a rotina sendo assim distribuída:
o
De
07h30 às 08h20: Primeira aula.
o
De
08h20 às 09h10: Segunda aula.
o
De
09h10 às 10h00: Terceira aula – reservar um período para a 1ª refeição.
o
De
10h00 às 10h15: Intervalo.
o
De
10h15 às 11h05: Quarta aula.
o
De
11h05 às 11h55: Quinta aula.
o
De
11h55 às 13h05: reservado para almoço higienização bucal e descanso do aluno.
o
De
13h05 às 13h55:.Sexta aula.
o
De
13h55 às 14h45: Sétima aula.
o
De
14h45 às 15h35: Oitava aula – reservar um período para a 3ª refeição.
o
De
15h35 às 15h50: Intervalo.
o
De
15h50 às 16h40: Nona aula.
o
De
16h40 às 17h30: Décima aula – reservar um período para a 4ª refeição.
A
parte diversificada de línguas estrangeiras, lazer, biblioteca, música,
cultura, rádio escolar, etc pode ser entremeada no tempo, durante o dia,
independentemente de sua natureza mais ou menos sistemática.
Um
horário de aula de matemática (ou de qualquer outro componente da base nacional
comum) pode ser seguido de uma atividade diversificada de teatro, que, por sua
vez, pode seguir num horário de biblioteca ou numa aula de língua portuguesa.
Essas atividades podem, em função de um projeto elaborado, estar integradas,
rompendo a rigidez da própria grade horária curricular.
Pretende-se,
com essa nova lógica organizacional, favorecer o encontro interdisciplinar, bem
como evitar a valoração prévia entre componentes curriculares. Tal sistema
exige uma reorganização do trabalho pedagógico, do planejamento docente, bem
como das dinâmicas de deslocamentos e uso dos espaços.
Esta
Parte Diversificada do Currículo prevê que podem ser incluídas disciplinas de
livre escolha das escolas e dos sistemas de ensino, conforme os interesses e as
possibilidades de execução.
A
fim de que haja maior integração entre as disciplinas, bem como distribuição da
modulação sugere-se que as atividades complementares estejam concatenadas às
disciplinas da Base Nacional Comum. Exemplificando:
·
O
professor de Português (5h/a) atuará ministrando atividades de acompanhamento
pedagógico em língua portuguesa, poesia, jornal ou produção literária, entre
outras atividades afins.
·
O
professor de Matemática (5h/a) atuará ministrando atividades de acompanhamento
pedagógico em matemática, geometria, lógica, etnomatemática, entre outras
atividades afins.
·
O
professor de Educação Física (3h/a) ministrará atividades de desporto escolar,
xadrez, saúde, entre outras atividades
afins.
·
O
professor de Artes (2h/a) atuará nas atividades de teatro, artesanato, música,
dança entre outras atividades afins.
·
O
professor de Ciências (4h/a) poderá ministrar atividades de saúde escolar,
acompanhamento pedagógico de ciências, meio ambiente ou saúde escolar entre
outras atividades afins.
·
O
professor de história ou o professor
de geografia (3h/a) pode atuar nas atividades de implantação do artigo 26ª da
LDB, sustentabilidade humana, entre outras atividades afins.
·
O
professor de inglês (integrante da parte diversificada do currículo, porém de
oferta obrigatória) por sua vez terá sua carga ampliada de 2 h/a para 3 h/a,
para que este possa trabalhar um currículo ampliado visando proporcionar a este
uma maior oportunidade de trabalhos pedagógicos.
Uma
escola verdadeiramente integral é constituída por elementos como o currículo
integrado, a gestão democrática, plenas condições de trabalho pedagógico que
articulados ao projeto político-pedagógico da escola, garantem a vivência
escolar de estudantes, professores, família e comunidade em um exercício
cotidiano, coletivo e democrático de cidadania. Construir uma educação que emancipe
e forme em uma perspectiva humana considerando as múltiplas dimensões e
necessidades educativas é uma importante estratégia de melhoria da qualidade de
ensino e promoção do sucesso escolar.
Enfim....
A
implantação de escolas de tempo integral só faz sentido quando concebida uma
Educação Integral em que o horário expandido venha a representar uma ampliação
de oportunidades e situações especialmente planejadas com a finalidade de
promover aprendizagens significativas e emancipadoras. Nossa proposta não é
apenas ampliar o tempo do estudante na escola. Não é reproduzir o que já existe
e sim propor algo novo. Algo inovador. É aumentar quantitativamente, mas,
sobretudo qualitativamente as novas aprendizagens.
ESTE É O NOSSO DESAFIO!!!
Coordenação de Educação Integral
As atividades desempenhadas pelos monitores são consideradas de natureza
voluntária, sendo ressarcidas as despesas de alimentação
e transporte dos monitores definida na forma da Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998. O trabalho de monitoria será desempenhado,
preferencialmente, por estudantes universitários de formação específica nas
áreas de desenvolvimento das atividades, podendo ser desenvolvidas por pessoas
da comunidade com habilidades apropriadas, competências, saberes e habilidades
ou estudantes da EJA e estudantes do ensino médio.
Para efeitos organizacionais, a
Resolução CD/FNDE n° 38, de 16 de julho de 2009, em seu artigo 15, inciso IV,
estabelece que quando o estudante for matriculado em jornada de tempo integral,
a alimentação escolar deve fornecer 70% (setenta por cento) das necessidades
nutricionais dos estudantes. A quantidade de refeições operacionalizadas para
garantir este percentual fica a cargo da SEEDF
Algumas famílias preferem dar banho em casa e esse
desejo deve ser acolhido, desde que respeitado o direito das crianças ao
conforto, à saúde e ao bem-estar durante o período em que estão na instituição.
No momento em que é incluído na rotina, o banho precisa ser planejado,
preparado e realizado como um procedimento que tanto promove o bem-estar quanto
um momento no qual a criança experimenta sensações, entra em contato com a água
e com objetos, interage com o adulto e com as outras crianças. É necessário
organizar o tempo de espera para o banho, oferecendo materiais, jogos e
brincadeiras em um espaço planejado para isso. (Referenciais Curriculares
Nacionais para Educação Infantil - 1998)
Atualmente, a escola tende
a limitar sua atuação ao espaço escolar, porém de acordo com o Decreto
Presidencial nº 7.083/2010 temos que as atividades poderão ser
desenvolvidas dentro do espaço escolar, de acordo com a disponibilidade da
escola, ou fora dele sob orientação pedagógica da escola, mediante o uso dos
equipamentos públicos e do estabelecimento de parcerias com órgãos ou
instituições locais, e ainda o princípio que a constituição de territórios educativos para o desenvolvimento de
atividades de educação integral, por meio da integração dos espaços escolares
com equipamentos públicos como centros comunitários, bibliotecas públicas,
praças, parques, museus e cinemas;
De acordo com a Lei 9.394/96 , estabelece em seu
Título V dos Níveis e das Modalidades de Educação de Ensino, Capítulo II da
Educação Básica, Seção I, Artigo 26, a saber diz que os currículos
do ensino fundamental
e médio devem
ter uma base nacional
comum, a ser
complementada, em cada
sistema de ensino
e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da
clientela. Esta Parte Diversificada do Currículo prevê que podem ser
incluídas disciplinas de livre escolha das escolas e dos sistemas de ensino,
conforme os interesses e as possibilidades de execução. Não há delimitações
temáticas para essa última parte: é possível optar por ministrar Geografia
local, Educação Ambiental, Dança, Informática, Língua estrangeira ou outra
questão que atenda a necessidade daquela comunidade.
precisamos que realmente os apoios es formaçoes por parte das cres e dos orgaos interseoriais estejam preparados paraa poiar este novo modelo de educação para que nao se torne um caos dentro da escola.