O Programa Mais Educação (PME) deve se transformar em
política com fontes permanentes de financiamento e integração
curricular, de modo que a escola de tempo integral passe a ser o padrão
oficial da escola brasileira. Essa é a primeira das 14 recomendações
feitas em relatório aprovado pela Comissão de Educação, Cultura e
Esporte (CE), nesta terça-feira (8), contendo ampla avaliação sobre esse
programa do governo federal.
O PME constitui a estratégia do Ministério da Educação para induzir a
ampliação da jornada escolar e a organização curricular, no propósito
de garantir a progressiva universalização da educação integral. O
relatório propõe destinar os recursos das receitas do Fundo Social do
Pré-sal e a definição de outras fontes para que o sistema avance com
base em cronograma consistente, garantindo segurança financeira para que
as escolhas implantem as atividades curriculares para a formação
integral.
O relatório aprovado atende a exigência regimental feitas às
comissões permanentes do Senado, para que avaliem a cada ano políticas
públicas federais relacionadas a seu campo de atividade. A CE se dedicou
agora em 2015 ao exame do PME, que ficou sob a relatoria do senador
Paulo Paim (PT-RS), e ainda do Bolsa Atleta e do Programa Cultura Viva.
Audiências
Para a produção do relatório, foram realizadas audiências públicas
com especialistas e gestores da área de educação, além da coleta de
informações oficiais sobre o programa. Segundo Paim, foi possível
constatar que a educação integral ganhou importância na agenda política e
educacional do país, com reflexo no aperfeiçoamento da legislação, na
expansão de programas em todo o país e, o mais importante, no
crescimento das matrículas.
— Nesse sentido, a intenção inicial do Programa de ser uma ‘ação
indutora da educação integral’ parece estar sendo cumprida. Chegou a
hora de dar um segundo passo, mais ousado, que é transformar o programa
numa política de Estado, com atuação integrada dos sistemas de ensino
nas três esferas da Federação — comentou.
Adesão
O programa busca ampliar a oferta de oportunidades educativas nas
escolas públicas, com garantia de uma jornada escolar de pelo menos sete
horas diárias. Funciona a partir da adesão das escolas das redes
públicas estaduais, municipais e do Distrito Federal, que passam a
receber recursos da União para custear a contratação de monitores,
aquisição de kits de materiais e outras despesas necessárias às
atividades oferecidas no turno contrário ao das aulas.
Os dados reunidos no relatório indicam que eram atendidos em 2014,
nas 58,6 mil escolas participantes, aproximadamente 8,3 milhões de
estudantes em todo o país. Em 2014, a União desembolsou R$ 1,1 bilhão
para custear o programa. Os estados e municípios também entram com
recursos, mas o governo federal se mantém como principal financiador do
programa, conforme o relatório.
Um dos problemas apontados foi a descontinuidade dos repasses
federais agora em 2015. O relatório recomenda que se defina novas
contrapartidas para os demais entes, dentro das condições financeiras de
cada um, para a garantia de continuidades das ações. Como o programa
ainda não consegue atender a todos os alunos de cada escola, é também
recomendado manter o grau de vulnerabilidade como critério de seleção
dos participantes durante a fase de expansão
Critérios
O relatório aponta ainda a ausência de uma definição clara de
critérios para orientar as atividades complementares ao turno normal
escolar educação integral. Com isso, avalia-se que há o risco de se
transformar o turno contrário em “mero momento de reforço escolar”. O
documento ainda sugere a necessidade de avaliações mais rigorosas sobre o
rendimento dos participantes do programa.
O documento ainda propõe que seja solicitado ao Tribunal de Contas da
União a realização de auditoria específica no PME. Ainda defende a
formação de uma subcomissão na Comissão de Educação com objetivo de
acompanhar o cumprimento da Meta 6 do Plano Nacional de Educação, que
prevê a oferta, até 2020, de educação em tempo integral em, no mínimo,
50% das escolas públicas, de forma a atender pelo menos 25% dos alunos
da educação básica.
A vice-presidente da CE, senadora Fátima Bezerra (PT-RN), que dirigiu
a reunião, destacou a qualidade do relatório e de suas recomendações
para o aperfeiçoamento do programa. Segundo ela, a educação integral é
decisiva para a formação do aluno, tanto para o desenvolvimento de suas
habilidades cognitivas quanto para a formação de valores e atitudes.
— É também o caminho mais saudável para que se possa conter a
violência. Quanto maior a duração da jornada escolar e a qualidade da
educação integral, mais preparados estarão os alunos para o
desenvolvimento de seu presente e futuro — afirmou.
Fonte: Agência Senado
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