O senador Paulo Paim (PT-RS) recomenda a adoção de fontes permanentes para financiar a educação em tempo integral nas escolas públicas brasileiras.
Ele sugere que sejam destinados recursos das receitas do fundo social do pré-sal no Orçamento da União e que haja maior colaboração dos demais entes federados.
A recomendação está em relatório que será apresentado hoje (8) na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado.
O relatório avalia o programa Mais Educação, instituído em 2007, como
estratégia do Ministério da Educação (MEC) para ampliar a jornada
escolar e a organização curricular na perspectiva da educação integral.
As escolas das redes públicas de ensino estaduais, municipais e do
Distrito Federal fazem a adesão ao programa e optam por desenvolver
atividades em diversas áreas como educação ambiental; esporte e lazer,
direitos humanos em educação e cultura e artes.
Todas as escolas devem obrigatoriamente oferecer acompanhamento pedagógico.
Entre as recomendações, o relatório aponta a necessidade de
"redimensionar a participação dos entes federados, pois está a cargo da
União a maior parte do financiamento da implantação do programa, o que
é, pela lógica interfederativa, inviável", diz o texto.
"Muitos municípios ainda não participam com uma contrapartida, deixando a
cargo da União todo o financiamento da implantação do programa em suas
escolas", acrescenta.
O programa recebeu, até novembro de 2015, R$ 553,8 milhões, menor
montante desde 2011, quando foram destinados R$ 528,8 milhões. A dotação
orçamentária autorizada alcança R$ 630,5 milhões, valor inferior ao do
ano passado, quando foi investido R$ 1,17 bilhão, e ao de 2013, com R$
1,35 bilhão.
A redução nos repasses federais levou à suspensão do programa em algumas escolas.
Em audiência pública para tratar do tema, que consta no relatório, o
coordenador estadual do Comitê Territorial de Educação Integral do
Estado de São Paulo, Anderson George de Assis, disse que aproximadamente
45% das escolas paulistas inscritas no programa tiveram suas atividades
suspensas em 2015, em função da falta de repasse de recursos pelo
governo federal, ou seja, 339.493 alunos foram dispensados das oficinas.
Segundo Paim, é preciso assegurar outras fontes de financiamento com
cronograma consistente, que permita às escolas trabalhar com segurança
financeira.
No relatório, o senador reconhece que o programa é eficaz na “ampliação
de repertório sociocultural de alunos, contribuindo para a redução das
desigualdades", mas apresenta uma série de recomendações para
aperfeiçoá-lo.
Entre elas, está a recomendação de que a escola de tempo integral passe a ser o padrão oficial brasileiro.
Para isso, o próprio modelo e a definição de escola integral devem ter
melhor definição, para que o contraturno não se transforme em mero
momento de “reforço escolar”, focado nas disciplinas tradicionais e na
preparação para testes.
O relatório mostra também a falta de estudos específicos sobre o Mais
Educação, relacionados ao rendimento dos estudantes, à realidade das
escolas, ao nível de vulnerabilidade social dos alunos e do impacto do
programa em seu desenvolvimento.
Ampliar a educação integral está em lei, no Plano Nacional de Educação
(PNE), que estabele que em dez anos a educação em tempo integral seja
ofertada em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender,
pelo menos, a 25% dos alunos da educação básica.
Segundo dados do MEC que constam do relatório, apesar de 41,6% das
escolas estarem no Programa Mais Educação, na prática apenas cerca de
12% dos estudantes brasileiros são atendidos.
O programa Mais Educação é uma das políticas públicas do governo federal
que estão sendo avaliadas pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte
este ano, assim como o Bolsa Atleta e o Programa Cultura Viva.
Fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/paim-recomenda-financiamento-permanente-para-o-mais-educacao
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